sábado, 18 de março de 2017

SOU LETRADO, SIM, SENHOR!



Bem recente o termo letramento parecia um modismo nas falas dos profissionais de educação, especialmente professores de português e coordenadores pedagógicos, sobretudo nas escolas estaduais no momento da escolha do livro didático. O livro adotado deveria ter ao menos em seus planos de aula um excerto que anunciasse letramento, quando não, no próprio título em letras enormes. Destacavam-se, portanto, os de Magda Soares, bastante comentados na sala dos professores. Sem tempo para outras leituras e formações, assim tomávamos conhecimento deste neologismo que logo foi adquirindo significado tão diverso na nossa língua lusa. Hoje, fala-se em diversos letramentos:  matemático, literário, digital, etc.

Um aluno adquiria letramento  se fosse além da escrita, com a capacidade de interpretar, inferir textos, aplicar conhecimentos, contextualizar ou,  melhor dizendo, se tivesse uma visão de mundo. Com o avanço tecnológico que possibilitou a miniaturização das máquinas, alguns conceitos foram diluídos; outros, porém, ampliados. Ser uma pessoa letrada era mais que saber a cartilha do ABC, o pê-quê-rê-mê-nê; é  saber dar aplicabilidade aos conhecimentos adquiridos na escola e na vida. 
Assim, o termo letramento adquiriu  aplicação diversa. as primeiras reflexões sobre o uso do termo era sobre a relação que as pessoas ou seus grupos tinham com a escrita. Porém com o incremento das tecnologias, a internet passou a ser usada como fonte de leitura e escrita. Surgem novas possibilidades e aqueles que não tiveram acesso ao letramento impresso passa a sofrer ainda mais a exclusão e a sentir certa pressão para um letramento digital. Graças às mídias móveis como o celular e aos inúmeros aplicativos que intermedeiam uma interface homem/máquina, como é o caso das pesquisas por voz, têm-se facilmente hoje o acesso às notícias, propagandas, livros, vídeos, etc. Esta  citação  apenas faz um recorte do que é presumível, mas não aceitável, sobre o que seja o conceito de letramento digital como  sendo "a ampliação do leque de possibilidades de contato com a escrita também em ambiente digital (tanto para ler quanto para escrever)". (COSCARELLI, 2005)
Porém o que se entende sobre os letramentos, agora no plural, pois  pode dar-se em níveis diversos - a depender da relação do letrado com as novas linguagens e técnicas, da contextualização e até da classe econômica - é que mesmo sendo um conceito amplo demaiso  que se precisa é  ir além da leitura de tela, pois espera-se um leitor participativo criticamente, que opine consciente do seu pertencimento a um mundo global. E os professores têm papel preponderante nesta constante busca pelo efetivo letramento digital, que sobretudo se faça social e filosófico.

2 comentários:

  1. Olá Dorinha
    veja que vc diz que o letramento digital tem que ir além da leitura de tela, mas fecha afirmando isso. Há uma contradição ai...

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