“ Partindo
do que sabemos para o que não sabemos, para o que parece que nunca poderemos
saber totalmente...filosofamos contra o que sabemos...repensando e questionando
o que acreditávamos já saber. Então nunca poderemos tirar nada a limpo? Sim, quando
pelo menos conseguimos orientar melhor o alcance de nossas dúvidas... Quem não
for capaz de viver na incerteza fará bem em nunca se pôr a pensar”. Fernando
Savater
Pós-Modernidade
– 2ª Modernidade – Sobremodernidade -
Modernidade Fluida - Modernidade Líquida: que assunto é esse?
Modernidade Fluida - Modernidade Líquida: que assunto é esse?
São apenas impressões sobre
o que vem a ser a modernidade líquida de Bauman, mais especificamente no que
diz respeito aos conceitos de tempo e espaço. Procuro indagações sobre o papel
da escola dentro de uma concepção contemporânea. O texto nos traz provocações
para nos fazer pensar e traçar um olhar sobre o outro. No entanto, somos
instigados a ter “um outro olhar” não mais nas perspectivas modernas,
construído de um único ponto de vista. Bauman pontua que “tão importante quanto
adquirir novos conhecimentos está a capacidade de desaprender” e pauta-se na
ideia de desconstrução de tudo que se tinha como parâmetro até então. Desta
forma desestabiliza certezas e questiona o que é convencional, como a noção do
tempo/espaço. Critica a visão eulógica (elogio) de uma cultura marcada pelo
capitalismo, sendo a ordem da dominação fundadora de uma razão universal,
totalitarista (visão política-econômica). Seria a ideia de conspiração, ou
seja, de que tudo é intencionalmente arquitetado? Responde: “A
desintegração social é tanto uma condição de domínio quanto um resultado da
nova técnica do poder que tem como ferramentas principais o desengajamento para
que o poder tenha liberdade de fluir”.
Esta modernidade líquida é a
'pós-modernidade', mas este “pós” não
pode ser visto como uma ideia de ultrapassamento, mas de ruptura. O termo
intenciona desconstruir e confrontar a lógica estabelecida até então. É a época
em que tudo tende, pela comunicação, a nivelar-se no plano da simultaneidade,
por isso a pós-modernidade adquire um sentido ligado ao ato de vivermos numa
sociedade de comunicação generalizada. Então esta modernidade líquida é a fase
mais recente da era moderna, a contemporaneidade. É o fenômeno da fluidez das
coisas onde se valorizam o temporário em detrimento do permanente (onde nada é
sólido ou conserva a forma por muito tempo). Ela relaciona-se com a globalização,
como resultado do sistema capitalista onde a economia tornou-se principal
parâmetro para a sociedade. É a expressão da sociedade de consumo onde as
pessoas buscam sua identidade naquilo que consomem. E a superação da essência
do ser pela capacidade de ter.
Nessa sociedade líquida
houve grande fragmentação do individuo, pois age na heterogeneidade. A noção de
temporalidade e territorialidade é afetada, seu conceito é ressignificado num
novo patamar de relações. Com o advento da internet as noções de
territorialidade são abaladas, há uma compressão do espaço e a aceleração do
tempo. Hoje o mundo inteiro está conectado o que traz uma série de consequência
para a sociabilidade. A condição social atual houve a fragmentação da vida
humana, sociedades individualizadas, busca criar sua própria identidade em
constante redefinição devido as constantes mudanças. Todas estas transformações
vão gerar um mundo de incertezas. A era da esperança (no desenvolvimento
trazido pelas máquinas) gerou um mundo de incertezas. Apenas se sabe que vivemos
num mundo interdependente, ou seja, todos dependem uns dos outros, somos
influenciados pelo destino e caráter e buscamos equilíbrio para a ambivalência
da vida: ou se tem segurança ou liberdade. Há ainda a condição do individuo:
problema da autonomia individual, o medo das massas, e o paradoxo das redes (são
os laços construídos depois de você) superando o conceito
de comunidade (aquilo que vem antes de você). E sem dúvidas estamos vivenciando
um momento em que a inversão de valores é perceptível por qualquer pessoa. Nesta
modernidade fluída os sólidos que estão derretendo “são os elos que entrelaçam as escolhas individuais em projetos e ações
coletivas, os padrões de
comunicação entre as políticas de
vida
conduzidas individualmente e as ações de coletividades humanas de outro”.
Tudo mudou quando a
distancia numa unidade de tempo passou a depender da tecnologia, de meios
artificiais. O tempo perde seu sentido cronológico, os alunos fazem
simultaneamente várias ações, podem ver uma palestra enquanto enviam mensagens
no celular, confirmam solicitações de upgrade, lancham e falam com o colega ao
lado. A velocidade do movimento chegou ao seu limite, se reduziu à
instantaneidade. A escola é este espaço onde as individualidades acontecem em
meio à heterogeneidade. Na rede são todos internautas, há a ausência de diferença,
o sentimento de que somos todos semelhantes. Não precisam refletir sobre que
espaço que ocupam, apenas estão no cyberespaço, no espaço de todos. Não estará
a escola permitindo estes desencontros de que fala Bauman, onde “estranhos tem
a chance de encontram estranhos em sua condição de estranhos”, sem troca de
informações, sem lembranças compartilhadas sem memórias, apenas como um evento
passageiro? Apenas estão demonstrando um grau de civilidade, mas sem interagir
de fato? Na internet o aluno tem a real sensação de fazer parte de uma “comunidade”,
o que a escola não faz para que tenham o sentimento reconfortante de
pertencimento. Hoje os alunos sofrem uma dicotomia entre a sua comunidade escolar
e as redes. Lá fora se mantêm conectados, mas na escola parecem fazer parte de
um mundo distinto do que vivencia. Fica a pergunta: até que ponto escola está
se tornando um “não-lugar”, ou seja, um espaço vazio, desprovido de
significado? Um espaço destituído de expressões simbólicas de identidade,
relações e história?
Por hora, apenas uma
reflexão de que estes novos estudos vão fomentar nossas ideias para a pesquisa
na prática, na compreensão que cada um tem um papel social público que
reverbera nesta sociedade ainda chamada de moderna, mas num olhar pós-moderno. Enquanto o sociólogo Baunman nos surpreende ao
'desmanchar' conceitos que para nós pareciam sólidos, aceito a dúvida como
desencadeadora do princípio de um processo crítico. Refletindo sobre a
linguagem constantemente impactada pela comunicação de massa e é neste contexto
que os professores estão inseridos, reconhecendo que a escola não é o único
lócus onde ocorre o conhecimento, a linguagem é transdisciplinar e que a noção
de tempo-espaço está sendo desconstruída no ciberespaço. Esta nova ordem social
e cultural não seria possível sem a revolução nas comunicações e nela não podemos
entender o ser humano, o mundo, a vida, fora de sua temporalidade. Ao dar
sentido ao mundo (sua contemporaneidade), a compreensão humana o enxerga na sua
continuidade em que o presente dá sentido ao passado e projeta o que pode vir-a-ser.
Muito bem Dorinha,
ResponderExcluirvc lança ótimas perguntas para pensar a escola e a educação de hoje. Vamos ter muito sobre o que refletir nesse bloco temático...