segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

ALWAYS ON (TÁ LIGADO? )

Grave as palavras no coração (sentimento) e na mente (razão), escreva-as nas mãos, na testa, nos umbrais e nas portas como memorando para os olhos. Ensinará em casa, deitado, em pé e andando pelo caminho (na prática).
                                                                               Dt 11.18-20

Bastante interessante como Primo consegue sintetizar historicamente as fases do desenvolvimento tecnológico relacionando-as com o gráfico de Lemos. Vemos em cada fase que o ser e sua relação com a sociedade vão  se transformando, conforme os estudos  epistemológicos e as variações dos paradigmas.        
Vimos na fase da indiferença o prevalecer da tradição oral onde os ritos e mitos funcionavam como formas narrativas de perpetuação e propagação do conhecimento como marca o excerto acima, fazendo uso de ferramentas  diferenciadas com uma aprendizagem cotidiana como se já preanunciasse o uso do celular nos dias atuais. Assim a ciência se misturava com a arte, a religião e o mito. Mesmo com a escrita, prevalecia o uso do senso comum até que o facho de luz do conhecimento (iluminismo) dissipasse para longe as trevas medievais pelo poder do mágico e do divino de  mãos dadas com a tradição. Logo Grécia tornou-se espaço privilegiado do saber com os sofistas e o método Socrático. O saber estava assim dependente da geografia (espaço), dos escribas e  atalaias que determinavam o tempo das coisas. Até que um grande acontecimento marca  a transformação  do mundo: o advento da imprensa potencializou  comunicação sem  necessária presença do interlocutor, facilitou a manipulação e a leitura de textos. Com esta tecnologia o registro de fatos e ideias resistiu ao tempo, libertou-se da memória e da oralidade, diminuindo o risco de distorções na retransmissão. A verdade agora deixava suas marcas com esta grande transformação, semelhantemente ao que o advento da internet provocou com seus hipertextos.
Chega-se à modernidade como a fase do conforto. Com o aumento da ciência, a natureza torna-se objeto de estudo do homem a fim de dominá-la e a partir de Descartes com seu cogito entroniza-se a razão com sua soberania antropocêntrica e o método cartesiano - tido como uma rota para a certeza absoluta- vai influenciar a forma de se fazer pesquisa refletindo  na educação com uma grande tendência à  ideia da separação metodológica, resultando nesta fragmentação das disciplinas que se têm hoje. Aqui o homem se coloca no centro do Universo assumindo-se o senhor de si mesmo e tomando as rédeas da ciência. Por isso este ‘conforto’ assimila a ideia de uma sociedade de evolução linear, de “iluminação progressiva”.  Com o surgimento da máquina declaram a “destruição da ontologia”, ou seja, do ser pensado metafisicamente dentro de um “ideal platônico” que era  impossível de ser realizado, uma vez que não contemplava os conflitos, quanto menos o fracasso...somente a ‘ordem e o progresso’ vinculados ao ‘avanço da ciência.
O quadro que se tem a partir daí é de um consumismo exacerbado aplaudido pelo capitalismo. A imprensa vai servir às estratégias mercadológicas, com um caráter monológico, ou seja, de recepção passiva. É na fase da ubiquidade a partir da  grande rede WWW que se estrutura uma internet hipermidiática, ou seja, com diversos meios que ultrapassam as barreiras geográficas e temporais e onde a palavra autoria perde a noção de propriedade. Estamos no tempo das interrelações, das intercomuniações num ambiente  em que se está ‘sempre ligado’, conectado. Até a  historia é impactada quando o uso das mídias permite que cada um construa sua própria historicidade...ao vivo e simultaneamente ao escolher seus próprios links, formando hipertextos instantaneamente com sons, cores e movimentos. Como ilustração desta ubiquidade, partilhamos neste blog esta ideia de poder estar em toda parte, focados na aprendizagem e na construção coletiva do conhecimento, pois o futuro  é agora, 

2 comentários:

  1. Legais as considerações, eu destaco em cada fase os respectivos pontos:
    @@@@"a não autoria”, acredito como principio de liberdade ou desprendimento (apesar de se tratar de uma inspiração divina);
    @@@@ "realidade já pronta", com formas e efeitos sem conexão com a sua realidade;
    @@@@ um "ideal comunitário" para atingir tal proposito, através de redes de colaboração

    ;)

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  2. O consumismo é aplaudido pelo capitalismo ou é produzido por ele?
    E como vc relaciona essas fases com a educação de hoje?

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