Grave as palavras no coração
(sentimento) e na mente (razão), escreva-as nas mãos, na testa, nos umbrais e
nas portas como memorando para os olhos. Ensinará em casa, deitado, em pé e andando
pelo caminho (na prática).
Dt 11.18-20
Bastante interessante como
Primo consegue sintetizar historicamente as fases do desenvolvimento
tecnológico relacionando-as com o gráfico de Lemos. Vemos em cada fase que o
ser e sua relação com a sociedade vão se transformando, conforme os estudos epistemológicos e as variações dos paradigmas.
Vimos
na fase da indiferença o prevalecer da tradição
oral onde os ritos e mitos funcionavam como formas narrativas de perpetuação e
propagação do conhecimento como marca o excerto acima, fazendo uso de
ferramentas diferenciadas com uma aprendizagem
cotidiana como se já preanunciasse o uso do celular nos dias atuais. Assim a
ciência se misturava com a arte, a religião e o mito. Mesmo com a escrita, prevalecia
o uso do senso comum até que o facho de luz do conhecimento (iluminismo)
dissipasse para longe as trevas medievais pelo poder do mágico e do divino de mãos dadas com a tradição. Logo Grécia
tornou-se espaço privilegiado do saber com os sofistas e o método Socrático. O
saber estava assim dependente da geografia (espaço), dos escribas e atalaias que determinavam o tempo das coisas.
Até que um grande acontecimento marca a
transformação do mundo: o advento da
imprensa potencializou comunicação
sem necessária presença do interlocutor,
facilitou a manipulação e a leitura de textos. Com esta tecnologia o registro
de fatos e ideias resistiu ao tempo, libertou-se da memória e da oralidade,
diminuindo o risco de distorções na retransmissão. A verdade agora deixava suas
marcas com esta grande transformação, semelhantemente ao que o advento da
internet provocou com seus hipertextos.
Chega-se
à modernidade como a fase do conforto. Com o
aumento da ciência, a natureza torna-se objeto de estudo do homem a fim de
dominá-la e a partir de Descartes com seu cogito entroniza-se a razão com
sua soberania antropocêntrica e o método cartesiano - tido
como uma rota para a certeza absoluta- vai influenciar a forma de se fazer
pesquisa refletindo na educação com uma grande
tendência à ideia da separação metodológica,
resultando nesta fragmentação das disciplinas que se têm hoje. Aqui o homem se coloca no centro do
Universo assumindo-se o senhor de si mesmo e tomando as rédeas da ciência.
Por isso este ‘conforto’
assimila a ideia de uma sociedade de evolução linear, de “iluminação
progressiva”. Com o surgimento da máquina
declaram a “destruição da ontologia”, ou seja, do ser
pensado metafisicamente dentro de um “ideal platônico” que era impossível de ser realizado, uma vez que não
contemplava os conflitos, quanto menos o fracasso...somente a ‘ordem e o
progresso’ vinculados ao ‘avanço da ciência.
O quadro que
se tem a partir daí é de um consumismo exacerbado aplaudido pelo capitalismo. A
imprensa vai servir às estratégias mercadológicas, com um caráter monológico,
ou seja, de recepção passiva. É na fase da ubiquidade a partir
da grande rede WWW que se estrutura uma
internet hipermidiática, ou seja, com diversos meios que ultrapassam as barreiras
geográficas e temporais e onde a palavra autoria perde a noção de propriedade. Estamos
no tempo das interrelações, das intercomuniações num ambiente em que se está ‘sempre ligado’, conectado. Até
a historia é impactada quando o uso das
mídias permite que cada um construa sua própria historicidade...ao vivo e
simultaneamente ao escolher seus próprios links, formando hipertextos
instantaneamente com sons, cores e movimentos. Como ilustração desta ubiquidade, partilhamos neste blog esta ideia de poder estar em toda parte, focados na
aprendizagem e na construção coletiva do conhecimento, pois o futuro é agora,
Legais as considerações, eu destaco em cada fase os respectivos pontos:
ResponderExcluir@@@@"a não autoria”, acredito como principio de liberdade ou desprendimento (apesar de se tratar de uma inspiração divina);
@@@@ "realidade já pronta", com formas e efeitos sem conexão com a sua realidade;
@@@@ um "ideal comunitário" para atingir tal proposito, através de redes de colaboração
;)
O consumismo é aplaudido pelo capitalismo ou é produzido por ele?
ResponderExcluirE como vc relaciona essas fases com a educação de hoje?