terça-feira, 24 de janeiro de 2017

OS INVISÍVEIS DE UM NÃO LUGAR

        É fato que o avanço tecnológico veio favorecer as ações do tornar visível e permitir um certo ‘status’ de  valorização social, mas... o que dizer dos que não estão na media, não acessam as redes e nem intencionam este tipo de interação social digital. São esquecidos? São invisíveis... Se o valor, o significado do sujeito e seu reconhecimento social estão relacionados ao seu nível de visibilidade/popularidade na rede, parece que está havendo um  certo grau de desvalorização das pessoas pelo fato de não estarem conectadas social e digitalmente... Se as redes sociais digitais favorecem uma contextualização de uma cultura contemporânea a nível mundial, o que dizer dos que ainda estando tentando conseguir seu espaço, sua visibilidade a nível local ao buscar uma interação social na escola principalmente, como é o caso do PROEJA, que nesta performance expunha pelos espaços da escola cartazes com frases do tipo “também sou IF”.
     “Alunos do Proeja do campus Petrolina expressam-se por meio de performance”.

Nos tempos primitivos o homem criou vínculos,  elemento básico para pertencer a  esta rede social chamada sociedade, que segundo FRANCO (2008) são os seres humanos que se conectam entre si, formando redes, ou seja, o universo dos sujeitos, o social em si. Pela forma de uma sociedade interativa, libertária e horizontalizada se criou uma demanda, uma espécie de campo fértil para a expansão da internet, que segundo Franco (2008) apenas seguiu um modelo de rede social já existente, a novidade é o surgimento  de relações sociais novas, fomentadas pelo desejo intrínseco de cada um  pela coletividade, ou seja, pela possibilidade de convivência social e a insistência de visibilidade. É preciso compreender que as redes sociais digitais redimensionaram as práticas sociais uma vez que seus envolvidos/sujeitos estão em ação constantemente, pois há um movimento pela interação e que esta dinâmica vai se moldando com o tempo.

O que se percebe atualmente que até mesmo os professores  que antes não participavam como agentes pois não se faziam participantes da escrita, mas apenas pediam aos alunos que escrevessem suas ‘redações’,  agora  com as redes o que se vê são sujeitos autores construindo  história, quando tanto os alunos quanto os professores têm produzido seus próprios textos, áudios, vídeos, com infinitas possibilidades de participação (fórum,chats). Como foi dito pela escritora, “o ato de exibir-se, ser visto, ser conhecido é algo eminentemente humano”, não se descarta a possibilidade de se ampliar e potencializar a visibilidade do Proeja pelas mídias, através de projetos que valorizem suas ações, suas memórias, narrativas, produções, e condutas da vida acadêmica e profissional.
A intenção primeira na busca pela visibilidade é tornar público – publicizar – ou seja passar a informação, a temática ou assuntos diversos  para um maior número de pessoas, na intenção de expor, debater, criticar, discutir ou até mesmo gerar polêmicas ou consensos. O que o Proeja busca mesmo, alem de atingir os contextos de esfera pública mediada pelos meios de  comunicação do IF (jornais e site) é adquirir um retorno aquela dimensão de esfera pública das redes  sociais, do face a face, onde as informações circulem através da interlocução presencial entre os sujeitos da comunidade IF, com relações afetivas que não prescinda da solidariedade, primeiro e verdadeiro compartilhamento. Os alunos Proeja apenas querem ser vistos pelos funcionários, pelos alunos do curso superior e demais cursos técnicos, longe de qualquer excentricidade, busca de exposição, audiência e popularidade ou desejos de megalomanias... Interessa sim essa vertente de visibilidade de ver e ser visto concretamente, de ampliar as possibilidades de melhorias na dimensão comunicacional no espaço em que estão presentes.

Meu caro Watts (2009) o mundo tornou-se  mesmo pequeno, porém nem mesmo Baunman em toda sua longa vida conseguiu 1000 amigos como hoje se constrói numa rede de relacionamentos, mas a ideia de laços fortes ainda precisa ser construída nesta nossa realidade não virtual, em que muros ainda são construídos barrando virtudes. Sem dúvidas são muitas questões que acredito serão esclarecidas nesta pesquisa/intervenção necessária como um projeto integrador dos alunos do curso noturno Proeja. 
Foto e reportagem de Dionísia, site do IF Sertão.

2 comentários:

  1. Muito bacana tua reflexão Dorinha. Agora, por que não potencializar a visibilidade do Proeja com o uso das redes sociais digitais? Tanto a dimensão presencial quanto a virtual são fundamentais hoje.

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  2. Sim. A visibilidade virtual versus a invisibilidade social.

    Legal. Dorinha

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